Pesquisa

Para entender como é estar em casa

Pesquisa desenvolvida por professores de psicologia da UFPel busca entender como as relações parentais foram afetadas pela pandemia e pelo isolamento social

Divulgação -

A pandemia tem sido estudada sob várias perspectivas, com o objetivo de entender como estamos lidando com a quarentena e todas as consequências do avanço da Covid-19. Neste sentido, os professores do curso de Psicologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Mateus Levandowski e Thiago Munhoz, que atuam no desenvolvimento infantil, construíram uma pesquisa com o objetivo de compreender os impactos da pandemia e do isolamento social nas relações parentais entre crianças, adolescentes, pais e cuidadores.

A pesquisa, além de abordar os aspectos interpessoais, também visa analisar o comportamento adulto. Um dos objetivos do estudo, além dos laços familiares, é, justamente, verificar como homens e mulheres têm passado por estas transformações no campo profissional, familiar e pessoal. Eles apontam que as pessoas que têm filhos podem ter sido atingidas de uma outra forma pela pandemia e buscam avaliar o cotidiano sem creches e escolas. "Como pais que estão trabalhando, seja em casa ou home-office, estão lidando com a questão? Como pessoas que perderam o emprego estão lidando com o tempo em casa com os filhos? As relações entre as famílias, que agora passam mais tempo juntas, também sofreram alterações? Criar um criança traz um certo estress e um certo esgotamento psicológico porque é uma pessoa que depende diretamente de ti. Queremos entender como as pessoas estão reagindo a estes processos", explica o professor Mateus Levandowski

A ideia surgiu a partir do acompanhamento de produções científicas mundiais. Os professores avaliaram que havia uma lacuna no que se refere a estudos de como a quarentena atingiu as relações entre parentes. "Entendemos que tinha uma área que estava negligenciada, que era a das relações familiares. Faltava um foco maior em aspectos sentimentais, nas consequências emocionais no que se refere à pandemia, quarentena e isolamento. Algumas podem ter desenvolvido sintomas de ansiedade, depressão. Queremos estes dados. Estão todos dentro de casa e procuramos entender como estas relações assimilaram estas mudanças", pontua Levandowski. O questionário pode ser acessado e respondido pelo endereço http://l.ufpel.edu.br/praticasparentais

Segurança

O estudo também visa detectar possíveis mudanças nos índices de violência doméstica contra crianças, adolescentes e mulheres. São investigadas violências psicológicas, como xingamentos e humilhações, até físicas, como palmadas e espancamentos. "80% das violências sofridas por crianças acontecem dentro de casa. Se a maioria das agressões acontece por quem está presente no cotidiano delas. É preciso buscar saber se houve um aumento nos registros deste tipo de violência durante a quarentena", destaca Mateus.

Resultados preliminares

A pesquisa vai até outubro, mas já conta com respostas do Rio Grande do Sul, Tocantins, São Paulo, Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais, Amazonas, Mato Grosso e Maranhão. Já foram colhidas 300 respostas, que apontaram que as pessoas estão com mais atividades durante a quarentena, seja em home-office ou trabalhos presenciais, do que possuíam antes da paralisação das atividades. Entre os que já responderam, o público foi composto majoritariamente por mulheres, que destacaram possuir as responsabilidades do trabalho acrescidas com os cuidados do lar, de cuidar das crianças, o que torna a rotina ainda mais exaustiva, segundo o que foi levantado nas análises preliminares das respostas.

Após o encerramento do estudo, os resultados serão lançados no site do grupo de pesquisa composto pelos professores de psicologia da UFPel, em formatos gráficos para a população conseguir entender as análises. A partir das conclusões, ainda serão desenvolvidos estudos posteriores, buscando assimilar como o Poder Público pode auxiliar no tratamento da saúde psicológica e combater a violência doméstica.

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